terça-feira, 11 de agosto de 2020

EDIÇÃO ESPECIAL DO JORNAL O MOSSOROENSE - CENTÁRIO DE RAIMUNDO NONATO DA SILVA

 

DOMINGO, 19 DE AGOSTO DE 2007 - CADERNO DO JORNAL - O MOSSOROENSE - NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

ESCRITOR, ADVOGADO, MEMORIALISTA. NÃO SATISFEITO, RAIMUNDO NONATO TAMBÉM SE AVENTUROU COMO POETA E TROVADOR, MESMO QUE MUITAS VEZES ESCONDIDO SOB ALGUM PSEUDÔNIMO

UMA V O Z QUE NÃO SE PERDEU NO DESERTO

Raimundo Nonato não envelhece.Isto de peso dos anos,no seu caso, parece não significar coisa alguma. Aquele jeito de burguês cheio de saúde, risonho, a palavra (ou palavrão) sempre fácil, o cabelo cortado geralmente à escovinha,como o faziam os jovens de algumas décadas, e o passo sempre vagaroso, como quem não tem nenhuma pressa de chegar, tudo faz de Nonato uma figura sem par.Há poucos dias esteve aqui novamente. Veio como sempre rever Mossoró e atualizar-se sobre a cidade. Não quer isto dizer que no Rio, onde reside, não receba nunca notícias de cá.

De tudo quer saber, e com minúcia de detalhes, com precisão, com rigor. Porque esta incessantemente a escrever sobre Mossoró ou sobre esta região do Rio Grande do Norte,e não deseja que, nos seus relatos, algo saia em desacordo com a verdade dos fatos. Sua obra hoje é das mais vastas, e certamente em quase toda ela se fala da gente, dos episódios, das cores deste lugar, inclusive aconteci- mentos aparentemente sem significado que somente sua memória poderia guardar

 

Do ponto de vista literário, não é fácil classificar Raimundo.Na verdade, é ele um admirável historia- dor,um excelente cronista,cuja capacidade para fixar datas, ambientes, caracteres e comportamentos humanos, parece inexcedível.

Não pretende ocupar-se de ficção. Quer antes ser o escritor fiel no registro da vida, das aventuras, do heroísmo e das glórias da sua província. Nada quer inventar ou falsificar. Antes preocupa-se em transpor, para os livros, os modismos das gentes, a paisagem de sua terra, os acontecimentos do cotidiano que vão enchendo os nossos dias. Por isto sua obra contém, hoje,material inestimável para o futuro historiador, o futuro estudioso da sociedade desta área do Rio Grande do Norte, que afinal nenhuma importância teria, não fora o carinho e mesmo a obstinação com que a tem retratado, em livros sucessivos, o escritor Raimundo Nonato

Raimundo Nonato chega com sua memória fabulosa e sua paixão por Mossoró para proferir conferências sobre o nosso passado. Ele desse da viatura que o traz com o semblante mostrando a satisfação de quem faz uma viagem de volta com vontade de chegar. Para to- dos que vai encontrando tem o abraço largo e a saudação humorada de quem não consegue reprimir o jubilo pelo reencontro com a terra e os conhecidos. Com os mais velhos, o diálogo gira sempre sobre nomes de vultos de outras épocas, que encheram de curiosidade o menino ou adolescente Raimundo Nonato, estudante da Escola Normal e mais tarde professor de português, que muitas gerações conheceram

Pode-se pensar que desde aqueles anos já Raimundo andava de lápis e papel à mão tomando no- tas para o futuro. Mas o certo é que o que ele diz, o que rememora,seja nas conferências que profere,se- ja nos artigos de jornal ou nos livros que escreve,é tirado principal- mente do fundo da memória que possui, do arquivo que ela é, onde nada parece se perder ou definhar. Na verdade, ninguém terá memória mais firme, nem capacidade maior para reproduzir, seja palavra oral, seja quando põe as pa- lavras no papel,acontecimentos ou feitos do passado. Escutá-lo falar é um desses exercícios que todo mossoroense naturalmente só faz com agrado. Porque, falando de Mossoró,Raimundo Nonato abre diante de nós, claro como o dia, o nosso passado mais remoto, e não há quem não se encante com a riqueza de nomes,vultos,fatos e coi- sas que vão brotando da sua memória, sem dificuldade

JAIME HIPÓLITO DANTAS (DO JORNAL "O MOSSOROENSE")

 

PREFEITURAS DE MOSSORÓ E MARTINS FESTEJAM CENTENÁRIO DE RAIMUNDO NONATO

As prefeituras de Mossoró e Martins comemoram o centenário de nasci- mento de Raimundo Nonato da Silva com programação que começa na terra natal do escritor.

Raimundo Nonato deixou Martins em 1919 fugindo da seca. A história está relatada no livro "Memórias de Um Retirante". A abertura dos festejos no município será às 9h com sessão solene na Câmara Municipal, lançamento do concurso literário que leva o nome do historiador, e da reedição do romance "Quarteirão da Fome"

As homenagens continuam em Mossoró (onde o escritor fez carreira), às 19h30, com a palestra "Vida e obra de Raimundo Nonato" do presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN, Enélio Petrovich. Antes do coquetel de encerramento, a Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte também recebe a reedição do clássico "Quarteirão da Fome", ponto alto das comemorações. "As outras obras de Raimundo

"As outras obras de Raimundo Nonato foram editadas mui- tas vezes. Há obras que foram reeditadas até seis vezes. 'Quarteirão da Fome' é o primeiro romance dele,de 1949,e nunca ha- via recebido uma reedição. O livro era encontrado basicamente apenas pelos sebos. Por isso, resolvemos fazer essa homenagem com a nova tiragem da obra",diz o advogado e integrante da comissão organizadora das homenagens, David Leite

Lançado pela editora Sarau das Letras, a segunda edição do romance "Quarteirão da Fome" traz prefácio do escritor Clauder Arcanjo e posfácio do acadêmico e crítico literário Manoel Onofre Jr

Com desenho de capa do médico João Hel- der Alves Arcanjo, projeto gráfico do jornalista Tobias Queiroz, a segunda edi- ção conta, ainda, com depoi- mento do presidente do IH- GRN, Enélio Lima Petrovich

Professor, juiz de Direito e escritor polígrafo, com vasta contribuição à historiografia e memorialística potiguar, Raimundo assinala a sua passagem pela prosa de ficção com os romances Quarteirão da Fome (1949) e Poço das Pedras (1973), que tiveram suas primeiras edições pela Pongetti, do Rio de Janeiro

Na bibliografia de Raimundo Nonato existem 30 títulos da série Minhas Memórias do Oeste Potiguar, da Coleção Mossoroense, publicados pela Fundação Vingt-un Rosado. O acervo do escritor inclui ain- da monografias e artigos de jornal

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RAIMUNDO NONATO DA SILVA

  MARTINS, 18/08/1907 – RIO DE JANEIRO, 22/08/1993 Escritor. Polígrafo, autor de numerosas obras, quase todas de interesse  regional, em...

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